terça-feira, 3 de março de 2009

Fiocruz e SEDH promovem curso para Conselheiros Tutelares e de Direitos

Até o dia 14 de março, estão abertas as inscrições para o Curso de Atualização de Conselheiros Tutelares e dos Direitos da Criança e do Adolescente na modalidade à distância. A iniciativa é da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH/PR). Estão sendo disponibilizadas 840 vagas para conselheiros de todo o Brasil.

O objetivo é estimular os participantes a reconhecerem na legislação os mecanismos para zelar e garantir os direitos da criança e do adolescente, identificando quando esses direitos são violados, tendo em vista a situação de crescimento e desenvolvimento peculiar de crianças e adolescentes, suas necessidades e o respeito à diversidade.

O curso será desenvolvido à distância, on-line, com atividades distribuídas em duas Unidades de Aprendizagem, com nove módulos. A carga horária total é de 72 horas distribuídas em quatro meses. Todas as despesas estão sendo custeadas pela SEDH/PR.

O processo seletivo será realizado por uma Comissão de Seleção formada pela
Coordenação do Curso e por professores do EAD/ENSP/FIOCRUZ e será baseado na análise da documentação e na avaliação curricular e do memorial. Os candidatos que comprovadamente atuarem nos Conselhos dos Municípios da Agenda Social e em Conselhos dos Municípios das Regiões Norte e Nordeste terão prioridade. A publicação dos eletrônica da lista de candidatos selecionados, a partir do dia 3 de abril no site da Fundação Fiocruz .

As inscrições podem ser realizadas pela internet, por meio do preenchimento da ficha de inscrição disponível no endereço eletrônico http://www.extranet.ead.fiocruz.br/simios/inscricao_web/inscricao_01.php?edital=52
Após realizar esta etapa, os candidatos devem enviar a documentação necessária pelos correios para o endereço: EAD/ENSP/FIOCRUZ - Curso de Atualização para Conselheiros Tutelares e dos Direitos da Criança e do Adolescente Processo Seletivo para ALUNOS - CAIXA POSTAL 35519 - CEP 21040-970 - RIO DE JANEIRO – RJ.

Mais informações podem ser obtidas pelo endereço eletrônico pseletivo@ead.fiocruz.br ou pelo telefone (021) 2598-2445. – Unidade de Processo Seletivo e
Editais da Coordenação de Educação a Distância da ENSP/FIOCRUZ.


Lista de documentos necessários:

- Certificado de conclusão do ensino médio (2º grau) ou diploma de conclusão de
curso superior em qualquer área, devidamente registrado e autenticado.

- Curriculum Vitae simplificado

- Memorial descrevendo a trajetória profissional e de sua atuação em atividades
na área de defesa dos direitos da criança e do adolescente (em até 30 linhas);

- Carteira de Identidade/RG e CPF autenticados;

- Duas fotografias 3x4 coloridas;

- Certidão de Casamento autenticada caso haja alteração no nome constante da documentação apresentada;

- Documento de comprovação legível de estar exercendo o cargo de Conselheiro
Tutelar ou Conselheiro de Direitos da Criança e do Adolescente;

- Compromisso do candidato quanto a sua disponibilidade de dispor, no mínimo,
de (06) seis horas semanais, para dedicar-se aos estudos e pesquisas demandadas
pelo curso.


RELAÇÃO DO MUNICÍPIOS DA AGENDA SOCIAL

RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro (Capital)
Duque de Caxias
Nova Iguaçu
São Gonçalo
Belford Roxo
São João de Meriti
Niterói
Itaboraí
Magé
Mesquita
Nilópolis
Queimados
Macaé
Itaguaí

SÃO PAULO
São Paulo (Capital)
Guarulhos
Cotia*
Embu das Artes*
Embu Guaçu*
Itapecerica da Serra*
Itapevi*
Jandira
Pirapora do Bom Jesus*
Santana de Parnaíba*
Vargem Grande Paulista*
Osasco*
Campinas
Diadema
São Bernardo do Campo
Santo André
Taboão da Serra*

RIO GRANDE DO SUL
Porto Alegre (Capital)
Canoas
Alvorada
Viamão
Novo Hamburgo
São Leopoldo
Gravataí
Cachoeirinha
Esteio
Guaíba
Sapucaia do Sul

DISTRITO FEDERAL E GOIAS
Brasília
Luziânia
Águas Lindas de Goiás
Novo Gama
Planaltina
Valparaíso de Goiás
Formosa
Cidade Ocidental

BAHIA
Salvador
Camaçari
Simões Filho
Lauro de Freitas

ESPIRITO SANTO
Vitória
Cariacica
Vila Velha
Viana
Serra

PARÁ
Belém
Ananindeua

PARANÁ
Curitiba
São José dos Pinhais
Colombo
Piraquara
Almirante Tamandaré
Viana
Araucária

MINAS GERAIS
Belo Horizonte
Contagem
Betim
Ribeirão das Neves
Santa Luzia
Ibirité

ALAGOAS
Maceió

PERNAMBUCO
Recife
Jaboatão dos Guararapes
Olinda
Cabo de Santo Agostinho
Paulista


Contato
Unidade de Processo Seletivo e Editais da Coordenação de Educação a Distância da ENSP/FIOCRUZ.
Tel.: (21) 2598-2445
E-mail: pseletivo@ead.fiocruz.br

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

“Estratégias de Cooperação Internacional”

Autor: Dr. Norberto Liwski

Documento elaborado para o III CONGRESSO MUNDIAL CONTRA A EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTIL

INTRODUÇÃO


A cooperação internacional na luta contra a exploração sexual de crianças e adolescentes precisa ser incluída dentro das atuais concepções caracterizadas por fundamentar seus propósitos e objetivos no pleno e efetivo exercício dos direitos humanos.

Uma perspectiva baseada em direitos exige considerar aos beneficiários da cooperação como titulares de direitos e que em sua condição de seres humanos podem exigir ótimos níveis de tratamento, serviços e oportunidade.

Alguns dos componentes que definem o marco da cooperação internacional sob o enfoque de direitos podem ser identificados nos quatro seguintes componentes:

1) Considerar prioritariamente a responsabilidade dos Estados a respeito dos compromissos adquiridos no plano internacional e regional.

2) Situar a cooperação dentro de uma plataforma de governabilidade democrática sustentada nos princípios básicos da Doutrina Universal de Direitos Humanos.

3) Reafirmar o valor das estratégias de cooperação na construção de uma cidadania plena de crianças e adolescentes considerando a estes sujeito ativo de direitos e protagonistas das mudanças e transformações de sua comunidade.

4) Contribuir ao fortalecimento da institucionalidade democrática requerendo em conseqüência mudanças de orientação nas metodologias e práticas institucionais historicamente construídas desde fora do enfoque baseado em direitos humanos.


O desenvolvimento de cada um destes componentes permitirá analisar os subtemas que a continuação menciona desde uma renovada capacidade de incidência nas distintas esferas da cooperação internacional para a prevenção e erradicação da exploração sexual de crianças e adolescentes orientadas para o III Congresso Mundial.

De modo a completar esta breve introdução lembramos o pensamento da ex-Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Sra. Mary Robinson: “O enfoque baseado em direitos significa descrever situações, não em termos de necessidades humanas ou de áreas que requerem desenvolvimento, senão em termos da obrigação de responder aos direitos das pessoas. Este enfoque apodera a população para exigir justiça como direito e não como caridade. A legitimidade de tais direitos aparece em contrapeso contra outras forças menos positivas. O enfoque implica, além disso, a participação direta das pessoas nas decisões relativas ao seu próprio desenvolvimento”. Finalmente assinala a Sra. Robinson: “No nível internacional um enfoque baseado em direitos provê à comunidade de uma base moral sólida a partir da qual exigir variadas e adequadas formas de assistência, implica advogar por uma ordem econômica internacional respeitosa dos direitos humanos”.

Dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos focalizaremos a atenção sobre a Convenção sobre os Direitos das Crianças e o Protocolo Facultativo relativo à venda de crianças, à prostituição infantil e à utilização de crianças na pornografia. Também, será dada especial atenção a respeito da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, a Convenção Interamericana para prevenir, sancionar e erradicar a violência contra a Mulher, entre outros Tratados Internacionais e Regionais.

O documento sobre estratégias de cooperação se estrutura em função das seguintes seções:

1) Antecedentes e contextos da cooperação internacional.
2) A Convenção sobre os Direitos da Criança e o Protocolo Facultativo, a base para a cooperação internacional.
3) Os Estados, principais atores na cooperação internacional.
4) A cooperação regional e sub-regional.
5) O papel da sociedade civil e o setor privado.
6) Campos temáticos da cooperação internacional.
7) Conclusões e recomendações.

Havendo interesse em ler a íntegra deste artigo, favor enviar email solicitando para massula.partners@gmail.com

RCS E O PAPEL DO SETOR PRIVADO NA EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS

Preparado pelo professor Adrian Henriques para o III Congresso Mundial Contra Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, Brasil, Novembro de 2008.

INTRODUÇÃO

Esse artigo foi preparado pela UNICEF como um artigo de instruções para o III Congresso Mundial contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes que acontece no Brasil em Novembro de 2008. Sua intenção é o de suportar discussões relevantes ao Tema 4: Responsabilidade Coletiva Social.

Desde o segundo Congresso Mundial em Yokohama em 2001, a idéia da responsabilidade coletiva social (RCS) tem sido espalhada, engatilhando um amplo campo de projetos, iniciativas e novos caminhos de trabalho pelas empresas. RCS poderia então ter o potencial para envolver o setor privado em novos e construtivos caminhos para tratar da exploração sexual de crianças (ESC). No entanto a RCS é também um campo que está mudando rapidamente e pode ser confuso.

O propósito deste papel é descrever o potencial da RCS para tratar da ESC, baseado em uma análise da exploração sexual de crianças e do papel do setor privado conectado a isso. Isto está ligado diretamente com as descobertas de recentes estudos da Secretaria Geral da ONU sobre Violência contra Crianças (Pinheiro 2006) que recomendou que os Estados devessem:

• Recrutar o suporte do setor privado, das uniões de comércio e da sociedade civil para formar parcerias que simulem as medidas de responsabilidade coletiva social
• Reforçar esforços de combate ao uso de informações tecnológicas, incluindo a Internet, telefones celulares e jogos eletrônicos, em exploração sexual de crianças.

Existe uma capacidade para confusão sobre o termo “exploração sexual comercial de crianças”. Como tradicionalmente usado, significa diretamente fazer dinheiro com o abuso, por exemplo, através de prostituição infantil. No entanto quando o link é mais indireto, pode haver um problema de apoio das empresas majoritárias com exploração sexual. Como deveria a RCS se direcionar a isso? Por um lado, diferente do envolvimento do crime organizado na ESC, a conexão com empresas majoritárias é menos óbvia. Por outro, o link é possível e tais empresas podem ter os recursos para tratar isso.

Este artigo não cobre o papel do setor privado em prostituição infantil ou em setor comercial informal, tais como bordéis e o crime organizado, que podem estar diretamente envolvidos em prostituição sexual. Não discute circunstâncias nas quais empresas majoritárias podem estar indireta ou involuntariamente envolvidas em ESC. Também, a exploração sexual de crianças é tida a incluir abuso sexual quando ou não se tem qualquer elemento financeiro anexado.
Artigos temáticos para o segundo Congresso Mundial que trataram a questão do papel do setor privado em relação à ESC têm olhado a mídia, o setor de turismo e as formas pelas quais a internet está envolvida na ESC (UNICEF 2001). Também um artigo temático para o III Congresso Mundial está tratando do setor de turismo e mídia dentro outros, bem como os aspectos jurídicos da ESC. (Hecht 2008).

As numerosas recomendações feitas neste artigo são escritas nesta fonte em negrito e reunidas na seção final.

PERFIL DO ARTIGO

A Primeira parte do artigo descreve a natureza da RCS e argumenta que na avaliação do papel das principais empresas, uma questão crítica é a de esclarecer o que significa a cumplicidade com a exploração sexual de crianças (ESC). Típicas práticas de RCS estão descritas, juntamente com os desafios que apresenta sua efetiva implementação. Uma análise dos processos da ESC é então definida para criminalidade-dirigida e socio-economia causada pela ESC ilustrando as principais ligações de vários tipos de sociedade a ESC. O envolvimento dos produtores de produtos de commodity, tais como o financiamento e produtos adaptados, como o turismo é diferenciado.

A segunda parte deste artigo aborda primeiramente o papel de indústrias de commodity o ESC criminalidade dirigida e, segundo, no papel das empresas em ESC econômico-social dirigida. Em ambos os casos, é descrito os processos da ESC, as empresas produtos do caminho, impactos dos serviços ou práticas na ESC, criando recomendações de ação para melhorar a situação. Foca-se no papel da agricultura, artesanato, ICT e setor de finanças em particular. O artigo, então, revê o papel da CSR e das empresas na relação de regulamento da ESC. A seção seguinte contém conclusões gerais e a seção final contém as recomendações feitas durante o artigo.

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Políticas Intersetoriais Integradas

Artigo apresentado como Tema 3 no III Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, realizado na cidade do Rio de Janeiro/Brasil de 25 a 28 de novembro de 2008.

Autora:
Márcia Helena Carvalho Lopes
Assistente Social, Mestre em Serviço Social pela PUC/SP, Professora do Curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina – UEL, Secretária Nacional de Assistência Social (2004) e Secretária Executiva do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS (2005/2007).

Autores colaboradores:
Elizabeth Milward Leitão
Psicóloga, Mestre em Filosofia e Secretária Adjunta de Assistência Social do Município de Belo Horizonte/MG

Maria Lúcia Leal
Assistente Social, Pós-Doutora pela Universidade de Coimbra/Portugal, Professora do Curso de Serviço Social da Universidade de Brasília e Coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Violências, Tráfico e Exploração Sexual de Crianças, Adolescentes e Mulheres - Violes/SER/UnB

Maria Luiza Amaral Rizotti
Assistente Social, Doutora em Serviço Social pela PUC/SP, Professora do Curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina - UEL e Secretária de Assistência Social do Município de Londrina/PR (2001 a 2008)

Wanderlino Nogueira Neto
Advogado, Procurador de Justiça, Mestre em Direito e Membro da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e Adolescente – ANCED


Resumo

O presente artigo trata das reflexões e análises sobre as possibilidades de avanços e desafios das Políticas Públicas no Enfrentamento da Exploração Sexual no contexto das violações dos direitos de crianças e adolescentes. Examina os esforços envidados por governos e sociedade para construir intervenções no âmbito das Políticas Públicas, centradas no princípio da defesa dos direitos humanos, da universalidade, das gestões participativas e descentralizadas, por meio de práticas integradas e intersetoriais. A aposta é entender tais aspectos como essenciais para avançar na direção da democracia participativa, como estratégia à consolidação da proteção dos direitos das crianças e adolescentes em situação de violências, explorações, negligências e discriminações. Os avanços aqui elencados caminham na perspectiva de tornar estas políticas mais integradas e verdadeiramente intersetoriais. Para tanto, o tema foi abordado sob o aspecto da complexidade da questão da exploração sexual e conseqüentemente, a necessidade de um olhar integralizador e transdisciplinar. O caminho analítico pautou-se no pressuposto de que a atual configuração é fruto da trajetória histórica das Políticas Sociais no mundo e da necessidade de assumir a exploração sexual de crianças e adolescentes, como questão pública e pautar para os Estados Nacionais o tema em tela.

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Ensaio temático: Exploração de crianças na prostituição

Knowing Children
Bangkok, Thailand
19 May, 2008
Judith Ennew
Conceito

Neste documento os discursos atuais sobre a exploração de crianças na prostituição serão examinados sob a perspectiva de expandir o conhecimento e as experiências práticas. A estrutura será de direitos de base¹, usando a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (1989) juntamente com o Protocolo Facultativo sobre venda de crianças, prostituição infantil e pornografia infantil (2000). A introdução examinará e comparará cinco elementos principais: defesa pesquisa sobre criança e infância, gênero e prostituição, tratados intergovernamentais e os relatórios para os órgãos de acompanhamento², as recentes tendências direcionadas aos direitos de base entre organizações internacionais voltadas para a criança e as recentes mudanças globais econômicas e migratórias, que têm alterado os padrões do tráfico para a prostituição entre adultos e crianças. Será argumentado que, embora existam relatos enganosos e sensacionalistas em algumas arenas, o discurso internacional é cada vez mais dominado pela informação científica, numa abordagem racional para os muitos desafios, e influenciado pela persistente vontade de resolver o problema, contudo, sem muitos exames nas áreas relativas ao perfil dos clientes adultos.

A exploração de crianças na prostituição não pode ser examinada sem levar em consideração as mudanças nas perspectivas sobre infância e prostituição nos programas de pesquisa, como sujeitos da investigação e do planejamento em vez de objetos de preocupação. Como conseqüência, conceitos de “infância” e “prostitutas” estão agora sendo revisados, criando novos desafios. A literatura sobre a prostituição adulta feminina, agora inclui estudos sugerindo que, em vários casos, mulheres na prostituição têm um poder considerável sobre ambos, seus próprios colaboradores e clientes³. Particularmente a polêmica dos estudos da infância onde estas são agentes ativos de suas próprias vidas tem desafiado a visão convencional de crianças na prostituição como vítimas passivas (4). O ensaio examinará os argumentos sobre a prostituição “voluntária” das crianças, considerando debates sobre a prostituição de adultos e a legislação sobre a idade do consentimento para o sexo incluindo que ainda não há evidência de que jovens crianças, em particular, possam dar um consentimento orientado para as relações sexuais com adultos, mesmo que eles possam crer que estão tomando uma decisão voluntária. (5)

É claro que existem várias circunstâncias onde a prostituição da criança visivelmente não pode ser descrita como voluntária. Diferentes formas e definições de prostituição tradicional (ou quase tradicional) serão descritas como pano de fundo aos diferentes contextos e práticas culturais, o que promove a prostituição de crianças ou dificulta sua eliminação. Estes incluem as práticas e crenças sobre gênero, geração e patriarcado, mudanças na construção da infância, a sexualidade da infância, etnia, ambientes econômicos e crenças, bem como, a rapidez de mudanças de atitude e práticas sexuais, relacionadas ao desenvolvimento globalizado e a cultura juvenil.

Mecanismos de prostituição forçada e “voluntária” das crianças serão examinados pelo mapeamento das pesquisas qualitativas e quantitativas sobre extensão e incidência, definições criticamente revisadas, perguntas sobre as pesquisas, métodos, ética, e construção de indicadores. O ensaio incidirá em melhores informações sobre as diferenças entre a prostituição na pré e na pós-puberdade, bem como, os diferentes padrões da prostituição de meninos e meninas. Informações sobre os clientes das crianças prostituídas (feminino e masculino, da mesma área e turistas) e a organização do comércio de exploração de crianças (incluindo agentes e mecanismos de recrutamento, proxenetas e bordéis) serão mapeados, examinando tendências e identificando falhas onde novas pesquisas são urgentemente necessárias.

A parte final desta seção irá revisar a investigação com crianças envolvidas na tentativa de sexo comercial. Um sumário do que as crianças e jovens têm dito sobre suas experiências e opiniões, incluindo comentários sobre os métodos e os procedimentos éticos utilizados nessa investigação.
Depois o ensaio examinará a implementação da legislação internacional e nacional para prevenir a prostituição de crianças, comparando este com o que a seção anterior apresentou sobre os padrões da prostituição das crianças, seus clientes e meios de exploração. Esta seção examinará evidências para mecanismos e práticas que possam prevenir ou reduzir a exploração comercial sexual de crianças na família, na comunidade, nos níveis culturais e no Estado, examinando o potencial das crianças e dos jovens e sua participação nessa prevenção, bem como definindo as responsabilidades dos governos e da sociedade civil, incluindo algumas considerações de boas práticas nos quadros legais e processuais.

A ênfase na prática, em vez da advocacia ou da investigação é, possivelmente, a maior expansão de conhecimentos especializados na área desde 2002. Esta seção irá mapear e rever a inovações em cuidados e recuperação, padrões e qualidade da assistência, aconselhamento especializado e de trabalho social e programas de reintegração, com especial atenção às metodologias voltadas para o entendimento das crianças.

O ensaio será concluído com a avaliação global, regional e nacional das informações sobre a amplitude e a incidência da prostituição de crianças. Será baseado em informações verificáveis, e resumirá os desafios atuais e futuros, incluindo a identificação das tendências globais e regionais de incidência, lacunas no conhecimento e nas práticas e a necessidade de investigação. Incluirá, também, os temas, conceitos, métodos e considerações éticas, bem como a quantificação.
Com base nestas conclusões serão recomendadas e asseguradas as prevenções, incluindo a medições dos indicadores e a identificação das responsabilidades dos diferentes atores envolvidos.

Informações gerais


O III Congresso Mundial Contra a Exploração Sexual de Crianças acontecerá na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, de 25 a 28 de novembro de 2008. Organizado pelo Governo do Brasil, após o I Congresso Mundial de Estocolmo (1996) e o II Congresso Mundial em Yokohama (2001), tem como objetivo a mobilização global de todos os continentes para garantir os direitos das crianças e adolescentes de serem protegidos contra a exploração sexual.

Os textos estão sendo produzidos em concordância com os cinco temas selecionados para o Congresso, que serão:

1) Exploração Comercial e Sexual de crianças: Desafios existentes e novos.
a) Exploração da criança na prostituição
b) Tráfico sexual de crianças
c) Exploração da criança no turismo
d) Pornografia infantil e exploração sexual pela Internet
2) Quadros legais e aplicação das leis
3) Responsabilidade social das empresas
4) Abordagem intersetorial e integrada
5) Mecanismos de Cooperação Internacional

A ECPAT Internacional tem a responsabilidade geral pelo primeiro tema do Congresso e solicitou a Organização Knowing Children para fazer a proposta de pesquisa e de escrever os textos temáticos - 1 (a) “Exploração comercial sexual de crianças”: Desafios existentes e novos no que diz respeito à exploração de crianças na prostituição.

Esboço proposto do ensaio

Introdução e conteúdo


Descrição geral da pesquisa e o contexto da pesquisa desde 1983, Relatório do ECOSOC – Relator Especial sobre a supressão do tráfico de pessoas e a Exploração da Prostituição de outros, incluindo os seguintes impactos:

• Compreensão da mudança do significado de infância, do sexo e da prostituição, devido à melhoria da investigação.
• Tratados Inter governamentais e relatórios, tais como a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança e do Protocolo Facultativo, e os relatórios dos relatores especiais das Nações Unidas sobre a venda de crianças, prostituição infantil e pornografia infantil.
• Congresso Mundial I e II incluindo o acompanhamento, as alterações legais, e as campanhas de sensibilização.
• O exame minucioso das abordagens feitas pelas organizações voltadas para as crianças, tanto as organizações inter governamentais como as não governamentais.
• Mudanças Geopolíticas

Prostituição Infantil

Descrição do documento, debates e progressos desde o II Congresso Mundial, auxiliando no exame e nos novos desafios e dimensões da prostituição infantil, incluindo:

• Conceitos
o Prostituição infantil – Considerações e definições de prostituição e infância, e informação existente em grupos específicos, incluindo:
• Pré e pós puberdade
• Prostituição de meninas e meninos
• Prostituição forçada
• Prostituição de rua
• Metas de ganho dos jovens
• Contextos

Contextos culturais e as práticas de incentivo à prostituição de crianças e sua eliminação, como as tradicionais ou quase tradicionais práticas e crenças, gênero, geração e patriarcado, mudança da interpretação de “infância”, a sexualidade infantil, o sexo e as desordens de identidade sexual.

o Práticas, etnias, ambientes econômicos e crenças, cultura jovem globalizada.
o Clientes das crianças exploradas sexual (feminino e masculino)
o Organização da exploração comercial de crianças, incluindo recrutamento de agentes e mecanismos, proxenetas e bordéis.
o As prostituições voluntárias de crianças, considerando debates dentro dos estudos de ambas, prostitutas e crianças prostituídas, agências direcionadas às crianças, direitos, sexualidade, idade do consentimento para as relações sexuais e informações sobre o consentimento das crianças para as relações sexuais.

• Amplitude e Incidência

o Mapeamento e análise crítica da pesquisa quantitativa, incluindo definições, a investigação de perguntas e métodos de investigação, a ética e a construção de indicadores.
o Avaliação de nível mundial, regional e nacional de informações sobre a extensão da incidência de prostituição de crianças, utilizando informações verificáveis.

• Prevenção

o Mecanismos e práticas que impedem ou reduzem a exploração sexual comercial de crianças, a família, comunidade, níveis culturais e estaduais.
o Exame do papel que as crianças e os jovens podem ter na prevenção
o Responsabilidades de governos e da sociedade civil

• Proteção

o Quadros legais – existentes, ausentes, implementados.
o Processos legais – tribunais direcionados as crianças, punição das ofensas e das diferentes classes de ofensores.
o Questões de proteção às crianças nas investigações extraterritoriais e processos legais

• Cuidados e recuperação

o Inovações em cuidados e recuperação
o Padrões de qualidade dos cuidados
o Aconselhamento especializado e trabalhos sociais
o Práticas acessíveis e direcionadas as crianças
o Reintegração

• Experiências e opiniões das crianças

o Crítica das revisões e pesquisas com crianças exploradas pelo mercado do sexo.
o Sumários das experiências e opiniões das crianças

Conclusões e Recomendações


• Desafios atuais existentes nas medidas, prevenção, proteção e regulamentos.
• Tendências nas incidências globais e regionais
• Falhas de conhecimento e de práticas
• As necessidades de investigação, incluindo os temas, conceitos, métodos e considerações éticas, bem como quantificação.
• Tempo para atingir os objetivos vinculados a prevenção, proteção e disposição, incluindo medição de indicadores.
• Responsabilidade dos diferentes atores.

Apêndice

Knowing Children


A “Knowing Children” foi criada em abril de 2006, em Banguecoque, Tailândia, e registrada em outubro do mesmo ano, com o objetivo de melhorar a informação disponível no nível mundial para a concepção de políticas e programas para crianças. A estratégia organizacional é a seguinte:
• Fornecer informação através de uma base de conhecimento (biblioteca e banco de dados) reforçada pela capacidade de construção de pesquisas e projetos de pesquisa
• Identificar falhas na informação e supri-las com publicações de alta qualidade, livros de baixo custo e manuais pela divisão de publicação, “Black on White Publications”.
• Identificar prioridades específicas nos direitos humanos das crianças onde a informação é insuficiente e inadequada

o Cidadania da criança
o Crianças com deficiências
o Exploração econômica da criança (incluindo exploração comercial e sexual)
o Spirit of peace (http://www.knowingchildren.org)

As prioridades estratégicas da “Knowing Children” para o reforço de informações sobre as crianças são baseadas na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (UNCRC, 1989).

Os funcionários da “Knowing Children” são quase todos tailandeses apoiados por um conselho tailandês, que é uma rede de patrocinadores e assessores internacionais com conhecimentos e especialização em direitos da criança e pesquisas sobre crianças em situação de risco. Seu quadro de colaboradores é formado por consultores internacionais temporários, estagiários e voluntários.

As recentes atividades de pesquisa incluem a capacidade de criação das crianças como construtores da paz (para a Organização World Vision), uma pesquisa de avaliação dos parceiros locais da UNICEF no Timor Leste, uma análise da situação das perspectivas das crianças, no que concerne proteção, questões do sul, províncias afetadas por conflitos da Tailândia (UNICEF Tailândia), compreensão das questões e habilidades na participação de crianças (World Vision, Laos e Apoio Internacional à Infância na Ásia) e ainda, um projeto de prova de conceitos com adolescentes da “Karen” no sentido de desenvolver uma base de dados supranacional para crianças apátridas.

A Organização “Knowing Children” é um membro ativo de várias redes e processos nacionais, regionais e internacionais. Incluindo a Agência Inter-regional - Grupo de Trabalho de participação das crianças.

Ensaio temático sobre a exploração de crianças no turismo para o III Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças

Por: Muireann O Briain, Helia Barbosa e Milena Grillo

CONCEITO


Oferta e Procura

O turismo sexual envolvendo crianças foi a primeira questão que mobilizou todas as campanhas do mundo contra a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes (CSEC). O turismo em massa, como uma poderosa força no mundo econômico, foi acompanhado pela procura por sexo. Fazendo parte do mercado que abastece essa demanda, as crianças e os adolescentes foram transformados em mercadorias que podem ser compradas e vendidas pelos turistas e viajantes. O documento irá analisar as origens das preocupações e as campanhas que lutaram contra a comercialização de crianças.

No contexto de que o turismo sexual é uma importante fonte de receita para vários países em desenvolvimento, existiram prioridades conflitantes no que concerne à proteção das crianças contra esta forma de violência e de seus direitos fundamentais. Como as políticas governamentais se direcionaram para a proteção da infância e da repressão do turismo sexual, envolvendo crianças como um crime grave, é o resultado de vários fatores, incluindo: fatores legais, econômicos, culturais, interesses e preocupações ambientais.

No entanto, a pobreza e as disparidades econômicas permanecem como verdadeiros obstáculos à proteção de gerações futuras contra a exploração sexual. Vamos olhar para o lado do problema relativo à “demanda” e as condições de vulnerabilidade de certas populações que abastecem a procura. A convergência dos crimes de abuso contra crianças e adolescentes e sua exploração sexual comercial no setor do turismo também será explorada.

O caráter mutável do turismo

Desde a década de 1990, quando as campanhas contra o turismo sexual foram desenvolvidas, a face do turismo mudou consideravelmente. O documento abordará as novas formas de viagens dos turistas e meios de comunicação que não são revelados pelas medidas já existentes. Existem também novos destinos e um aumento na permanência de visitantes estrangeiros nos países para os quais viajam.

A preocupação ambiental também tem impacto sobre o turismo e, no futuro, pode redefinir os mercados de várias maneiras, uma das quais -, a promoção do turismo sustentável e responsável como um valor agregado à indústria - , representa uma oportunidade para catalisar a participação no setor turístico da redução e erradicação da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes ligados a sua área de atuação.

A relevância da colaboração inter setorial no combate ao turismo sexual envolvendo crianças
A luta no combate a exploração sexual comercial de crianças relacionada à viagem e turismo, tem contado com o surgimento de uma dinâmica vibrante das organizações governamentais, não governamentais, instituições acadêmicas e do setor privado. Nós vamos dar exemplos das parcerias e conquistas, através do mundo, que incluem medidas preventivas, educação, treinamento e medidas de sensibilização, destacando as obrigações entre os setores e a responsabilidade na implementação da CRC, e das denúncias e ações penais dos casos.
Quão eficazes são estas medidas? Embora existam dificuldades de medição, existem alguns indicadores com os quais esta pode ser avaliada. Quais são as principais dificuldades em sustentar a integração das medidas colaborativas positivas?

O papel do Estado e das autoridades do turismo nacional

O documento irá analisar a pertinência das autoridades nacionais do turismo e de seu papel como o órgão do Estado responsável pela promoção e aperfeiçoamento do turismo interno. Como órgãos do Estado e, por conseguinte, representantes da sociedade civil, quais são as responsabilidades das autoridades nacionais do turismo em relação à proteção das crianças e dos adolescentes contra a exploração?

Que medidas esperar das autoridades nacionais do turismo em relação à implementação da CRC pelos Estados e garantir o respeito dos direitos das crianças e dos adolescentes?

Os desafios em termos de nível de compromisso da sociedade – da sociedade bem como das autoridades de turismo e das empresas - para proteger as crianças, e o impacto da aplicação das legislações e regulamentações atuais na exploração de crianças no turismo serão analisados no debate girando sobre as responsabilidades do setor privado e do Estado.

O setor privado e de Responsabilidade Social das Empresas

O endosso do setor privado no combate ao turismo sexual teve uma profunda influência na integração do conceito de "turismo sustentável e responsável”, incluindo o turismo que não explora as crianças.

O papel da Organização Mundial do Turismo tem sido significativo, devido à extensão das suas competências e da inclusão dos seus membros em todo o setor privado, principalmente através da adoção do Código Mundial de Ética do Turismo, que tem promovido o desenvolvimento dos códigos de conduta.

O papel da UNICEF e do setor das ONGS, no sentido de incentivar ações que demonstram a responsabilidade social das empresas, tem efetivamente trazido a CDC para a agenda corporativa. Vamos dar exemplos, de que o Código de Conduta é uma realização significativa. O Código tem ajudado a promover uma cultura de turismo sustentável e responsável, encorajando o diálogo entre os setores público e privado.

Entretanto, persistem os problemas no fato de que a indústria do turismo é composta, em grande parte, por pequenos comerciantes e fornecedores, como taxistas. Como estes comerciantes podem ser influenciados pelas leis que as grandes cadeias hoteleiras e os operadores turísticos estão dispostos a aceitar?

No entanto, as respostas do setor privado são voluntárias. Estas são sustentáveis? Além disso, existem obrigações do setor privado que priorizam os melhores interesses da criança e garantem o direito das crianças e dos adolescentes que falham no contexto voluntário? A resposta está na responsabilidade legislativa das corporações ou na falha das ações dos empregados do setor de turismo? Ou ainda, na falha dos empregados desse setor em agir? Qual é o melhor nível de interação necessária entre políticas públicas e corporações de iniciativa voluntária para ancorar a responsabilidade social e guiar as ações das empresas e empregados do turismo no combate a exploração sexual comercial de crianças em longo prazo?

O papel da legislação e da aplicação da lei

O documento irá analisar as respostas dos governos para o problema da exploração de crianças no turismo através da legislação e da aplicação da lei, bem como, o desenvolvimento da utilização da jurisdição extraterritorial para tratar de delinqüentes e dos clientes alvo. Os exemplos de respostas de diversos países serão considerados, tanto no envio quanto no recebimento de perspectivas.

Na legislação para proteger as crianças contra a exploração no turismo, os governos nacionais estão implementando eficazmente as suas obrigações no âmbito do CRC? Vamos procurar fornecer uma comparação dos modelos aprovados.

Qual é a eficácia das leis? O dilema de aplicação da lei será analisado no contexto de jovens vítimas vulneráveis como testemunhas, a necessidade de uma polícia especializada e uma formação especializada para atuar nas fronteiras e complicações processuais. Os exemplos da forma como alguns países flexibilizaram suas políticas no interesse das crianças serão explorados. Vamos analisar a falta de coerência no sentido de garantir que as viagens de criminosos sexuais cadastrados sejam monitoradas e sugerir melhorias que possam ser feitas no nível governamental e internacional para por fim a estas incoerências.

O papel dos organismos regionais e internacionais.

Uma série de organismos internacionais tem desempenhado um papel significativo no combate ao tráfico sexual de crianças no turismo, notadamente a World Tourism Organization e seus parceiros regionais. A Interpol também é um colaborador importante, através de sua liderança em localizar os infratores e dar assistência no nível nacional. Os grupos políticos e econômicos internacionais na Europa e Ásia, também desempenham um papel significativo na liderança e no financiamento de iniciativas. Vamos analisar o impacto do papel desempenhado pelos organismos internacionais.

Este apoio não é tão evidente na África e nas Américas, e a questão levantada será se as organizações regionais na África e as Américas poderiam fazer mais para apoiar os esforços de prevenção desta forma de tráfico. O impacto no nível nacional da Convenção 182 da OIT sobre as piores formas de trabalho infantil no combate ao turismo sexual envolvendo crianças será considerado, incluindo alguns modelos de boas práticas já implementados.

Os desafios do combate à exploração sexual de crianças e adolescentes em viagens e turismo

O problema da oferta e da procura continuará sendo um desafio enquanto a pobreza e as disparidades econômicas abastecerem o mercado para o turismo sexual. Por isso, a questão do combate ao turismo sexual infantil deve permanecer no topo da agenda internacional. Surgiram novos problemas que foram mencionados na primeira parte do documento, e as novas formas de combatê-los precisam ser exploradas e propostas.

Manter a dinâmica das medidas já desenvolvidas é um desafio. Não só é difícil financiar as medidas em curso como, também, existe o problema da fadiga por parte dos doadores, Ongs, turismo pessoal e até de turistas. Os indivíduos estão relutantes em intervir e denunciar abuso ou suspeita de abuso a menos que sejam diretamente afetados. O mesmo problema existe nas comunidades locais que são dependentes das receitas turísticas, pois denunciar o abuso sexual de crianças afeta a situação econômica da comunidade. Esta é a mesma questão levantada anteriormente sobre a captura do pequeno comerciante na prevenção de um círculo vicioso de exploração sexual. O desafio de integrar a formação do pessoal do turismo e da polícia será levantado como área contínua para o trabalho da cooperação internacional.

O desafio para os governos de colocar os direitos de proteção à criança à frente do desenvolvimento econômico continua. Países que estão apenas começando no turismo onde, a face da indústria do turismo é mudada, serão capazes de estudar as melhores práticas de outros países e aprenderem com os erros do passado. Propostas de mudanças para combater os desafios levantados devem incluir a implementação de indicadores para analisar sua eficácia. Como a eficácia das medidas públicas poderá ser medida? Que mecanismos poderiam ser utilizados para controlar a atividade turística e para garantir a imposição da responsabilidade penal por crimes sexuais contra crianças e adolescentes.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Quadrilha PF prende grupo que atuava no tráfico de mulheres para a Europa

14/01/2009 22h00

Os integrantes de uma quadrilha que traficava mulheres para exploração sexual na Europa foram presos nesta quarta-feira (14) pela Polícia Federal, durante a operação Abrantes que contou com o apoio de policiais federais suíços.

Cinco pessoas suspeitas de aliciamento de mulheres brasileiras foram presas no estado de Goiás e outra na Suíça. Segundo a Polícia Federal, o principal responsável pelo aliciamento atuava na cidade de São Miguel do Passa Quatro, de Goiás.

As vítimas da quadrilha, na maioria mulheres de famílias pobres, embarcavam para a Suíças a partir do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília.

A prisão em flagrante de dois integrantes da quadrilha, em Senador Canedo, cidade próxima à Goiânia, acelerou a ação policial. Os criminosos, que são da mesma família, foram surpreendidos quando compravam um bebê para vendê-lo a um casal suíço.

Fonte: Agência Brasil

Emma Thompson produz peça sobre tráfico de mulheres

A atriz britânica Emma Thompson é a produtora de uma peça teatral sobre prostituição e que estreará no próximo dia 4, no Pleasance Theatre, em Londres.
Benoit Tessier/Reuters

A história do espetáculo se baseia nos casos reais de uma africana e de uma mulher do Leste Europeu, que foram para Londres enganadas por falsas promessas e que acabaram sendo obrigadas a se prostituírem e a manter até 40 relações sexuais por dia.

As duas mulheres continuam no Reino Unido --uma delas foi infectada pelo HIV, o vírus causador da Aids--, e ambas buscam asilo no país, informa neste domingo o jornal "The Independent on Sunday".

Em declarações publicação, a atriz, de 49 anos, se mostra indignada pela situação das vítimas do tráfico de pessoas na sociedade britânica.

"Muitos acham que elas vêm aqui para fazer dinheiro, o que está longe de ser verdade. Ninguém entende as dificuldades delas. Nem mesmo o governo. Sobretudo o governo", diz Emma.

"No ano passado, todas as pessoas que pediram asilo no Reino Unido argumentando que tinham sido vítimas desse tipo de tráfico tiveram seus pedidos negados", afirma a atriz, que colaborou estreitamente com as duas jovens atrizes que escreveram a obra e que a encenarão no palco: Anna Holbek e Shelley Davenport.

Pai vende filha por US$ 16 mil e 100 caixas de cerveja nos EUA

'Casamento' foi combinado entre pai de adolescente de 14 anos e homem de 18 anos.

Um homem de Greenfield, Califórnia, foi preso na segunda-feira acusado de combinar o casamento de sua filha de 14 anos, vendendo a adolescente por US$ 16 mil (cerca de R$ 37 mil), cem caixas de cerveja, várias caixas de carne e outros objetos.

Segundo o site da polícia de Greenfield, Marcelino de Jesus Martinez, 36 anos, vendeu a filha adolescente para se casar com Margarito de Jesus Galindo, de 18 anos.

A adolescente foi morar com Galindo e, quando o pai não recebeu o pagamento, o próprio Martinez chamou a polícia de Greenfield, para que os policiais trouxessem sua filha de volta uma semana depois de ela ter ido para a casa do marido.

Segundo o jornal The Herald, do condado de Monterey, Martinez primeiro chamou a polícia alegando que sua filha tinha fugido de casa.

Galindo foi detido pela polícia, por estupro presumido e Martinez foi levado sob suspeita de tráfico humano. A adolescente voltou para a família.

A página da polícia de Greenfield afirma que casamentos combinados entre os pais e os noivos são comuns em várias culturas.

"Mas a Califórnia tem várias leis para menores, maioridade e tráfico humano. A lei da Califórnia também proíbe casamentos arranjados onde um ou os dois envolvidos foram coagidos", informou o site.

A polícia informou que sua força local já passou por situações nas quais crianças de 12 anos ou até mais jovens foram vendidas ou oferecidas para venda e isto já se transformou em um problema local.

De acordo com o The Herald os envolvidos neste último caso fazem parte de uma pequena comunidade rural mexicana, um grupo indígena chamado Triqui do Estado mexicano de Oaxaca. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

A fragilidade da legislação concernente à exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil

Resumo da monografia de Tiago Emboava Dias, Bacharelando em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo (SP) - julho de 2005

A Constituição Federal de 1988 concebeu um novo enfoque sobre os princípios pelos quais as normas anteriores que regulavam direitos e garantias de crianças e adolescentes se norteavam, assimilando a doutrina da proteção integral em seu bojo, segundo a qual a criança é vista como cidadã, não mais se afigurando como mero objeto de assistência ou pessoa em potencial, mas sujeito de direito, destinatário de proteções específicas e prioritárias, necessárias ao seu desenvolvimento.

O texto constitucional, no Título VIII, em seu Capítulo VII - Da família, da criança, do adolescente e do idoso - preconiza:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

[...]

4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.

A despeito da norma constitucional, um dos obstáculos ao combate à exploração sexual infanto-juvenil e suas variadas dimensões é a falta de dispositivos legais específicos na legislação infraconstitucional, que vislumbrem todas as suas nuances. De um lado temos o Código Penal, datado de 1940; de outro, a Lei n° 8.069 de 1990, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Porém, nenhum deles é capaz de suprir com absoluta eficácia as complexidades inerentes a esta modalidade criminosa.

Para ter acesso à integra do texto, envie um email para massula.partners@gmail.com

Campanha contra tráfico de crianças e adolescentes começa em dezembro

A desinformação e a miséria tornam mulheres, crianças e adolescentes vulneráveis à exploração sexual. “Capital, entorno de São Paulo e regiões do interior do Estado, como Vale do Ribeira, são alguns dos locais mais suscetíveis à ocorrência do crime”, informa o promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Yuri Giuseppe Castiglione, da Comarca de Franco da Rocha. Para coibir o delito, será lançada a Campanha contra o Tráfico de Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual, no dia 16 de dezembro. É fruto de parceria entre a Secretaria Nacional de Justiça, Departamento de Polícia Federal e a Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo.

O Escritório de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas é o órgão da Secretaria da Justiça que executará as ações. Atua desde 2002 em convênio com 33 instituições, entre elas Poder Judiciário, Ministério Público, entidades públicas e privadas e polícia. Estão previstas ações educativas na região metropolitana de São Paulo e Vale do Ribeira. “Será uma forma de enfrentar o crime organizado do comércio de vidas no País e fora dele”, explica a psicóloga Anália Belisa Ribeiro, coordenadora do Escritório. Os órgãos locais de outros Estados também participarão da iniciativa. Tráfico de pessoas é crime e pode ser punido com três a oito anos de reclusão e multa. Já o aliciador de prostituição infantil está sujeito a pena de quatro a dez anos de cadeia, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Turismo sexual – Anália constata que nos últimos anos não houve registro de venda ilegal de órgãos na capital.

Em compensação, sem citar números, diz que muitas crianças e adolescentes são vítimas de exploração sexual e trabalho escravo. “Recebemos denúncias sobre imigrantes da América Latina, Ásia e África que chegam aqui com documentos irregulares para trabalho escravo e exploração sexual”, alerta. Nesses casos, o Escritório acompanha o trabalho da polícia. A Organização das Nações Unidas (ONU) informa que o tráfico de seres humanos movimenta mais de US$ 12 bilhões por ano. É a terceira prática criminosa mais lucrativa do mundo e compete com os tráficos de armas e drogas. No mundo, cerca de 500 mil crianças são vítimas de tráfico para exploração sexual. No Brasil, ao menos 25 mil pessoas são mantidas em condições semelhantes ao trabalho escravo.

A campanha que começa em dezembro tem apoio técnico-financeiro do Programa Nacional de Segurança Cidadã (Pronasci). Estão previstos debates sobre exploração sexual nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, onde a família é vulnerável ao turismo sexual. “Os pais acham que a filha terá futuro melhor se aceitar convite de turista”, diz a coordenadora do Escritório. Anália conta que a prática é um apelo ao crime e que o melhor caminho para reduzi-lo é a informação, repressão e assistência à vítima. No evento dos quilombolas, será exibido o filme Anjos do sol, sobre prostituição infantil e debate do tema com representantes do Comitê Regional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp).

Multiplicar

O Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem) oferecerá palestras sobre o mesmo assunto a caminhoneiros e taxistas, enquanto aguardam a inspeção periódica de balança e taxímetro, respectivamente. Eles receberão panfletos educativos e preservativos. Locais e datas serão divulgados posteriormente. A partir do dia 16 haverá encontro mensal nas unidades do Centro de Integração da Cidadania (CIC), que promovem serviços públicos ao cidadão. Como os postos ficam perto de escolas públicas, os organizadores querem sensibilizar moradores da região para evitar a prostituição infantil e torná-los agentes multiplicadores.

Reprimir o criminoso, apoiar a vítima

O trabalho do Escritório de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e parceiros é prevenir, reprimir e responsabilizar o criminoso, e apoiar a vítima. Já promoveram 14 fóruns regionais no Estado para que agentes públicos e possíveis vítimas aprendam a se identificar, proteger-se e enfrentar o tráfico de pessoas. Como São Paulo é considerada cidade do turismo de negócios, recebe empresários em feiras e exposições diversas, que lotam hotéis e restaurantes. “Aliciadores exploram a sensualidade das jovens e agendam programas que motivam a vinda de estrangeiros. Elas acham que a prostituição é chance de melhorar de vida”, informa a psicóloga Anália Ribeiro.

No início deste mês, durante a movimentação provocada pela corrida de Fórmula-1 que decidiu o campeonato mundial, o trabalho do Escritório, Procon e prefeitura rendeu a lacração de um bar e dois hotéis. A ação partiu de denúncia anônima de prostituição de jovens. “A fiscalização constatou irregularidades de documentos e da vigilância sanitária nos locais. Foi nossa primeira busca ativa na cidade de São Paulo com resultado eficaz. No início da campanha de dezembro, replicaremos a ação no Vale do Ribeira”, informa a coordenadora do Escritório.
Abrigo

Os parceiros fazem campanhas e palestras para refletir sobre criação de políticas públicas locais, nacionais e internacionais de enfrentamento à exploração sexual. Outra ação é dar à vítima apoio psicológico, social e jurídico. “De acordo com o caso, oferecemos abrigo, incentivamos a capacitação profissional, o estudo, o retorno ao trabalho e à residência para evitar nova marginalização”, explica Anália.

Nos seis anos de atuação, o Escritório atendeu mais de 260 vítimas, 26 eram casos de tráfico para exploração sexual e trabalho escravo.

Mulher: previna-se

Suspeite de propostas de emprego generosas e sem referências . Desconfie de propostas amorosas súbitas . Jamais entregue documentos de identificação ou passaporte a estranhos . Ao viajar ao exterior, mantenha contato com a família e certifique-se do contato do consulado e embaixada do Brasil Viviane Gomes

Serviço

Denuncie exploração sexual, trabalho escravo e solicite apoio à vitima
Serviço funciona 24 horas pelos telefones (11) 3241 4291
Disque-Denúncia 181 e (11) 7818-9418. Aceita ligações a cobrar
E-mail escritoriotsh@justica.sp.gov.br
Da Agência Imprensa Oficial